No ventre uma vida verdadeira
Que besteira
seria viver em vão!
Melhor conhecer o bom,
o belo e o verdadeiro
Para ser livre nas escolhas,
e no pensamento caminheiro.Melina R. Rovina Franzin
Como saber qual a melhor educação para os nossos filhos? Numa época em que o mundo se rende aos modismos, a resposta é uma a cada momento, a cada situação.
Já vemos hoje em dia pais que terceirizam a criação de seus filhos aos tablets e celulares. O efeito disso, a longo prazo, pode ser catastrófico, como as tragédias decorrentes do jogo maligno baleia azul.
Também já observamos a moda da autonomia: deixe seu filho aprender a ser autônomo desde o primeiro ano de idade e assim… Bom, assim ele se achará dono do próprio nariz aos 3! E nem adianta dizer que ele não tem idade para escolher a própria roupa nem mesmo para saber a hora de estudar, pois ele já aprendeu que a autonomia precoce é uma arma poderosa (e irresponsável) contra a autoridade dos próprios pais.
O curioso é que os pais querem, quase sempre, o melhor e mais correto aos seus filhos, mas se arriscam em receitas modernas (eu diria até “pós-modernas”) que prometem sucesso e… Não dão certo, à semelhança dos emplastros do século XIX que prometiam curas milagrosas, efeitos surpreendentes e…Nada!
O que dizer da onda duradoura do construtivismo?! Este deixa a criança construir o conhecimento sozinha, com mínima ajuda de um adulto. Aprende as palavras e a ler “lendo”, tomando sempre o caminho mais longo e de sua total responsabilidade. “BATATA” pode ser “BANANA”, a diferença é a troca de letra, mas e daí? O mérito é da criança que está aprendendo sozinha e um dia… Um dia ela chega lá: num conhecimento construído em incertezas de costas para a solidez do conhecimento consolidado pela humanidade ao longo dos séculos.
E ainda… Como jovens chegam ao Ensino Superior sem nem saberem o que significa “universidade”? Mal sabem ler, tampouco explorar um autor ou escola de pensamento! São, no geral, analfabetos funcionais que exalam a empáfia própria de uma elite intelectual que mal sabe o seu lugar e importância na sociedade…
É de se ficar contrariado! Ofendido! Embasbacado! Acontece todos os dias: um pequeno deve construir o conhecimento sozinho, aprender a ler se arrastando para entender a lógica das letras e… quando cresce descobre que tudo poderia ser resolvido se alguém, de antemão, lhe explicasse como as “porcarias” das letras funcionam e quais são seus malditos sons! Por que ele, pobrezinho, teve de trilhar o caminho das ciências em uma vida tão breve se a humanidade já abreviou esse conhecimento e método para nós todos???!!!
Entendem? Há um grande patrimônio da nossa humanidade: a sabedoria e a ciência construída pelos antigos e continuada na tradição da educação clássica e cristã.
Como ensinar a ler? Como se ensinava antigamente: decodificando os sons das letras, somando e subtraindo sons, sempre que necessário. Depois automatiza-se a decodificação e passa-se para a compreensão das palavras e do sentido do texto como o todo. Simples assim.
Como ensinar a escrever? Ensinando as letras, os sons, as formas (maiúsculas e minúsculas, cursiva…) e treinando o muscular e visual, potencializando isso com a leitura e grande capacidade que a criança tem na comunicação. Desenvolvendo a lógica, a retórica e assim o intelecto caminha junto.
Como ensinar a estudar? Apresentando o precioso tesouro que é o conhecimento acumulado durante séculos e o que ainda se pode descobrir desse mundo!
Como ensinar o bom gosto? Mostrando a beleza que está à nossa volta e o que a humanidade produziu de belo, desde os gregos da Antiguidade até os dias atuais (quando a beleza vem se tornando rara). A literatura deve acompanhar uma vida inteira, de Pinocchio ao Retrato de Dorian Gray.
Como ensinar o verdadeiro? Apontando para as evidências desta vida, que deve ser uma vida com sentido e não com modismos. Há certas coisas que não podem ser desconstruídas, simplesmente porque foram construídas em solo forte, em casa boa e dão frutos bons. Os séculos comprovam. O clássico já se tornou clássico e faz tempo. O entendimento clássico estava certo, a história da civilização ocidental é quem afirma e confirma. E com Cristo, a sabedoria encarnada, a luz da inteligência iluminou os homens.
Gostaria que, um dia, meus filhos estudassem como Aristóteles estudava, lessem como Santo Agostinho lia, descobrissem o universo como Descartes o desvendou. Que encarassem a escola como Tomás de Aquino a encarou e que tivessem os pais que Jesus teve, ao menos à semelhança deles. Ou alguém diria que havia muito o que se corrigir neles?
Adoraria que enxergassem o belo como Michelangelo enquadrou a beleza do mundo e da humanidade em suas obras, que vissem o caminho da santidade como Bernini o viu no Êxtase de Santa Teresa. Que ouvissem os anjos como Pergolesi parecia ouvir… Que exalassem seus talentos como Mozart o fez… Mas no modismo de hoje, parece démodé ensinar essas referências todas aos nossos filhos que estão, cada vez mais, tão engajados em serem autônomos, até mesmo na construção do conhecimento do mundo e de si mesmos, curvando-se numa concha, tão ensimesmados e distantes da realidade e da Verdade… Pergolesi? Quem?
Vamos! Vamos retornar ao que realmente importa! Sem mais aventuras com os nossos filhos.
Escola Clássica cultiva o bom, o belo e o verdadeiro: a sabedoria dos antigos para as gerações de hoje e sempre. Tudo tão disponível. É saber acessar para ser livre.